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As outras duas internets que você provavelmente não percebeu que existem

A internet é um dos lugares mais fascinantes e ao mesmo tempo misteriosos do planeta terra. Você já deve usar a internet a pelo menos alguns anos, talvez até mais de uma década. Você deve pensar que já viu de tudo, acessou uma porcentagem considerável da internet, mas provavelmente tudo que você acessou não represente nem um número considerável do total da internet sem que se ponha muitos zeros depois da vírgula (0,0000000000001%, talvez?).
O que a grande maioria dos navegantes tradicionais não sabem é que a internet é infinitamente maior do que parece. Não importa o quão imenso você julgue ser a internet, provavelmente ela é – pelo menos – o dobro disso. Uma prova é que a gente navega apenas na “nossa internet”, enquanto existe todo um mundo inexplorado lá fora.
E olha que eu nem estou me referindo diretamente a bolha de filtros do livro do Eli Pariser, que você pode ver aqui. Mesmo que a gente estoure esta bolha e procure coisas incomuns, provavelmente não vamos acessar “as outras internets”. Mas o que são estes outros espaços? A internet pode ter várias divisões e vou trazer aqui uma forma simples de dividir este espaço:

A minha, a sua, a nossa internet!

Não sou nenhum pesquisador para poder comprovar dados que vou apresentar agora, mas tenho praticamente certeza que 95% dos sites que você visita se localizam no Brasil ou nos EUA. Ok, pode ter alguns serviços que se concentram na Europa nesta conta, isto depende um pouco do tipo usuário que você é.
Está é “a internet como conhecemos”. É comum pensar que apenas uma pequena parcela da internet esta em português (cerca de 2%, segundo dados recentes), mesmo assim você consegue ver que existem milhões de sites brasileiros e portugueses espalhados por aí. Pensamos que a internet dos americanos é muito maior, gigante, com bilhões de sites. Você não está errado, já que as pesquisas mostram que 56% do conteúdo online está em inglês. Você provavelmente nunca vai conseguir acessar um porcentagem considerável de todos os sites do mundo.
Mas isto também não é um problema, é apenas a “nossa bolha cultural”. Você dificilmente vai ter interesse em ler sites colombianos ou russos se você pode ter acesso ao mesmo tipo conteúdo em sua língua nativa ou mesmo no inglês, que é praticamente uma língua universal. É mais fácil de acessar se estiver em português, mas e se estiver em hindi?

Nós provavelmente acessamos apenas a superfície.
Clique para ampliar.

A internet que podemos, mas não acessamos.

A segunda categoria é justamente dos milhares, milhões e bilhões de sites que existem em todos os lugares do mundo que não estão em línguas que a gente domine. Eu nem estou me referindo tanto aos sites em português de portugal, inglês da inglaterra ou espanhol (que muita gente acredita ser bem parecido com o português), estou me referindo a aqueles sites que mesmo usando o Google Translate você provavelmente não vai conseguir entender.
Sim, o inglês é a língua mais utilizada dentro da web. Isso é perceptível, principalmente pelo fato de grande parte dos sites mais acessados do mundo serem americanos, Facebook, Google, Youtube, Yahoo, Wikipedia, etc. Segundo estimativas da W3Techs, 56% das páginas da internet estão disponíveis em inglês. Mas o detalhe é que esta estimativa é feita apenas com 0,27% de todos os sites da internet.
27% dos internautas falam nativamente inglês, enquanto 25% são chineses. Isso nos leva a crer que a internet lá na China seja tão grande quanto conhecemos e agora vem a questão. Você já acessou algum site em chinês alguma vez na sua vida? Conseguiu entender algo? Eu já tentei, pedi ajuda ao Google Translate e não consegui muito sucesso. Na época do Orkut, existiam milhões de usuários indianos, quantos deles você fez amizade dentro da rede social?
O Mandarim é algo tão único, que a sua tradução não é nada simples para robôs, tanto que no oriente médio o Google tem uma dificuldade imensa de fazer o seu trabalho. Não é por acaso que lá eles tem o seu grande buscador, Baidu, que está entre os sites mais acessados daquele região e por conta disso é o 5º site mais acessado do mundo.
Então essa é a internet que você não conhece. Cheia de conteúdo, com muitas discussões, mas um conteúdo que você provavelmente nunca vai ter interesse em procurar e, caso tenha, terá muita dificuldade.

Aquela que o nome não se fala

Todo mundo gosta de um pouco de mistério e misticismos, as lendas estão ai para provar isso. Na internet não é diferente, tanto que ela tem a sua própria “lenda urbana”. Além da internet que conhecemos, existe a “deep web“, conhecida por um dezenas de sinônimos: “dark web“, “deepnet“,”invisible net“, “undernet“, “hidden web“, etc. Ela não é uma lenda, mas diversas mitos estão ligados a este lugar.
Basicamente podemos compreender esta internet como sendo aquela que os buscadores comuns não estão indexando, nem o Google, nem o Bing e nem mesmo o Baidu. Nesta listas de sites “não indexados” podemos incluir desde os mais simples, como aqueles que são banidos e/ou não indexados propositalmente pelos buscadores e até sites que você só consegue acessar usando programas específicos, IP direto, etc.
Se você quer tentar acessar este local profundo da internet, recomendo ver estes posts:

A “internet profunda” é cercada de mitos. Dizem que se você acessar corre um risco enorme de pegar vírus, mesmo usando os antivírus mais atuais. Por outro lado, algumas pessoas dizem que não é tão perigoso assim, que depende mais do usuário mesmo. Muitos recomendam o uso de uma distribuição Linux ou talvez um Mac OS.
Dizem que esta área de internet é usada para tráfico de drogas e outros crimes organizados, embora esta não seja uma informação encontrada com muita facilidade por ai.
Alguns mitos e verdades sobre a chamada “deep web“:

Resumindo a situação

A internet está ai, e agora você deve ter percebido (ou reforçado a ideia) de que ela é realmente muito maior do que você consegue imaginar. Não entendeu? Quer que eu desenhe? Aqui está. Fiz uma imagem tentando explicar melhor a MINHA VISÃO sobre os “níveis da internet”. Faço questão de falar que é a minha visão não por direitos autorais, mas porque classifiquei de forma simples e com as minhas próprias palavras, então algumas pessoas podem não achar correto e discordar de mim. O espaço dos comentários está aberto para possíveis discussões sobre o assunto 🙂

Uma pequena montagem explicando melhor os níveis da internet.
Clique para ampliar.

Acredito que isto resuma bem a situação atual, onde compreendemos que a internet é bem mais profunda do que imaginamos e que provavelmente estamos navegando apenas na superfície usando boias infantis nos braços.
Para entender um pouco melhor esse universo, recomendo ouvir o Nerdcast 363, que fala sobre a deep web.

Por Dennis Altermann

Criei este blog para compartilhar alguns conteúdos relevantes sobre comunicação digital e o impacto dos meios digitais na sociedade. Aproveita para interagir comigo lá no Twitter @eu_Dennis