Segundo informações do Estadão, Gilmar Mendes (Ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil) entrou com uma representação contra a Wikipedia do Brasil através da Polícia Federal. Após tentar (sem sucesso) promover algumas alterações no seu artigo junto aos editores do Wikipedia, ele resolveu que a enciclopédia deveria ser atacada.
Como mostra a reportagem, é bem provável que a indignação do ministro tenha surgido pelo fato de dentro do artigo com o seu nome (este aqui) tenha uma sessão apenas para falar das denúncias veiculadas pela Carta Capital em 2012, como você pode ver neste link.
O #mimimi deve ter acontecido principalmente pelo fato de a sessão da denúncia ser muito maior que das outras partes mais gloriosas menos contestadas de sua carreira, que ele – convenientemente – acha que deveriam ter mais destaque. Ele basicamente disse que a Wikipedia deveria ser informativa, por isso não deveria usar como fonte os jornais e avaliações de terceiros.
Não que eu concorde com ele, mas o papel da Wikipedia é realmente informar, mas realmente não entendi em que ponto as fontes jornalísticas não fazem isso. Concordo que não devemos usar a Wikipédia para fazer jogos políticos, ou seja, quem escrever não pode considerar aquelas informações boas ou ruins, elas devem ser neutras. Quem lê é que deve tirar as suas próprias conclusões. Não podemos nos esquecer que as “fontes jornalísticas” estão entre os tipos de fontes mais usados no Wikipedia em inglês (e provavelmente deve ser semelhante em todas as outras línguas).
Mas sinceramente não vi esta denuncia dele como um problema real, fica bem evidente que ele quer apenas deixar o artigo dele na Wikipedia mais limpo, sem nada ruim que manche a sua “digna carreira”. Mas ministro, quer uma dica? Só da para jogar a merda no ventilador se alguém fez ela.
Gilmar Mendes com certeza vai entrar na – extensa – lista de brasileiros que não entendem a internet. O Brasil é um dos países que mais faz denúncias e processos contra o Google, sem contar as pérolas das celebridades pessoas que querem fechar o Youtube ou deletar todas as páginas que aparecem nos buscadores sobre o seu passado negro.
Ainda segundo o blog de João Bosco, do Estadão, Gilmar prepara ainda mais algumas coisas envolvendo a internet brasileira:
Paralelamente, Gilmar prepara uma representação ao Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, pedindo investigação do uso de recursos públicos para financiamento de blogs de conteúdo crítico ao governo e instituições do Estado. Ele quer saber quanto as empresas estatais destinam de seus orçamentos para esse tipo de publicidade. Gilmar argumenta que não se pode confundir a liberdade constitucional de expressão com o emprego de dinheiro público para financiar o ataque às instituições e seus representantes.
🙂